A PROPAGANDA COMO FERRAMENTA EDUCATIVA: UM OLHAR SOBRE O COMBATE A OBESIDADE INFANTIL AMERICANA


    As propagandas atendem a uma proposta de publicar ou propagar algo afim de promover marcas e produtos ou difundir ideias e por meio delas conscientizar e promover a educação. Em 2011 o vídeo intitulado "Fast food and childrens" foi considerado pela população americana como "poderoso" e "impactante" e para estabelecer reflexões sobre a propaganda em foco, nos voltaremos ao estudos de Tellis (2004) que trata do texto na propaganda e publicidade por meio de três viés sendo eles: Ethos, Pathos e Logos.


    A propaganda exibida em formato audiovisual  pode ser facilmente assistida nas plataformas de vídeos no ambiente interacional digital, a plataforma onde encontramos o vídeo para essa análise trata-se do YouTube Brasil. A propaganda narra uma cena onde a mãe entra na sala onde já se encontra o filho pequeno com faixa etária correspondente à primeira infância, o garoto aparenta ter aproximadamente cinco anos de idade, acena mostra que a mãe traz consigo um pacote de papel contendo um lanche e o oferece ao garoto como opção de refeição, antes que o garoto apareça na cena saboreando o lanche a ele oferecido, a cena mostra a mãe preparando uma porção  de um líquido ilícito, uma droga injetável que aparenta na cena estar sendo preparada para o garoto, mas a cena se desenrola e leva ao telespectador à compreensão que a verdadeira droga que está sendo inserida no menino da cena, é a alimentação não adequada que pode causar números problemas de saúde e levá-lo a morte se consumidos por um longo período da vida.
    Segundo a OMS, a obesidade infantil é caracterizada por um excesso de gordura corporal em crianças de até 12 anos, sendo considerado sobrepeso quando o peso da criança está, no mínimo, 15% acima do peso de referência para a sua idade. O diagnóstico também pode realizado através do IMC (índice de massa muscular). As causas da obesidade infantil estão relacionadas a diversos fatores que podem ser genéticos ou ambientais, ligados a dieta desbalanceada e ricas em alimentos gordurosos. Dentre outros fatores estão: falta de sono, sedentarismo, ansiedade, depressão, fatores genéticos e hormonais. A propaganda visa alertar ao público que a alimentação fastfood não proporciona bem estar e e nem promove um estilo de vida saudável. Ao final da cena retratada no vídeo, são deixadas três frases que  podem ser lidas pelo telespectador e complementam o conteúdo transmitido por meio do vídeo. 

Frase 1- Você não injetaria lixo nos seus filhos?
Frase 2- Então porque você está dando isso para eles?
Frase 3- Obesidade infantil, quebre o hábito!





Diante dos pontos anteriormente apresentados, passamos então aos procedimentos de análise da propaganda Fast food e anúncio infantis (poderosos)-Título do vídeo. Seguindo os conceitos de Tellis (2004) iniciamos nossa analise abordando o argumento (logos) na publicidade.

    Segundo Tellis (2004), o argumento é uma estratégia persuasiva para convencer o espectador nas publicidades, apelando para a razão e para as evidências objetivas. Além de se exigir do produtor do anúncio, que se vale de tais estratégias, também se exige algumas habilidades do espectador, como: fazê-lo dar mais ênfase à mensagem do anúncio; acionar a memória e relacionar o que já se sabe a respeito daquela mensagem; gerar contra-argumentos; e, chegar a uma conclusão final. Ao final desta atividade, se o espectador gerar predominantemente mais pensamentos favoráveis à mensagem, pode-se concluir que a estratégia foi executada com êxito. Nesta perspectiva, Tellis (2004) ainda argumenta que os anunciantes se valem de diferentes estratégias argumentativas, dentre as quais o autor elucida seis categorias, a saber, as comparativas, refutacionais, retóricas, inoculativas, de enquadramento e de suporte.
    Na propaganda aqui analisada observamos o uso das estratégias argumentativas comparativas onde por meio da propaganda o leitor pode fazer a inferência de que a alimentação baseada em alimentos rápidos, industrializados e  ultra processados não fazem bem à saúde em comparação  com os alimentos mais simples e mais naturais, tais como frutas, legumes, verduras e cereais. Ainda no âmbito comparativo na propaganda vemos a alimentação fast food sendo comparada ao uso de drogas, por ser tanto quanto letal a saúde do consumidor. A primeira frase do vídeo interroga ao leitor: Você não injetaria lixo nos seus filhos?, levando-o a comparar a comida de baixa qualidade proteica com lixo, ou seja algo que não possui serventia.
     Quanto à emoção (pathos) analisando os modos presentes na propaganda vemos de forma explícita que o intuito da propaganda é alertar sobre o consumo de alimentos industrializados e de forma implícita a propaganda levanta a questão do cuidado maternal, onde se espera que as mães cuidem sempre em providenciar o melhor para os seus filhos e na propaganda o que se vê revela totalmente o contrário. Tratando-se do modo associativo, a figura feminina presente na cena aparenta abrir o embrulho para retirada de instrumento para o consumo de entorpecentes que na cena são associados aos itens da sacola que compõe o lanche fastfood consumidos naquela refeição. 
    Os métodos de despertar usados na cena utilizam o drama e pode ser percebido pela trilha sonora escolhida para compor a  cena que remete a um suspense, vemos também a casa em cores escuras, trazendo um ar misterioso ao lar onde se passa a cena e a própria cena se constitui de um drama da mãe que provavelmente trabalha fora e tem uma rotina de vida acelerada e precisa prover ao filho o alimento e opta pelo mais prático mesmo sabendo não ser esse o alimento mais adequado para a refeição diária. A história é retratada na cena que não conta com elementos verbais entre os atores da cena, os elementos verbais aparecem apenas no fim da cena reforçando a ideia daquilo que os elementos visuais já haviam exposto. A demonstração pode ser vista nos atos da cena, o retratar da mãe e do filho e do ato de tomarem as refeições juntos.
    Os efeitos aplicados na cena são a música que dá o tom da trama da cena apresentada, a irritação que ocorre no leitor ao ver que na cena ela está prestes a praticar um ato ilícito com a vida da criança, a cordialidade é vista quando o garoto não oferece nenhuma objeção ao que está prestes a ser inserido nele e o medo que o leitor vai adquirindo diante dos fatos que vão sendo demonstrados na cena.
    No endossamento (ethos) da propaganda analisada entendemos que o peritos e/ou especialistas são os profissionais da área de saúde tendo em vista que a propaganda faz um alerta ao risco da obesidade infantil provocado pelos maus hábitos alimentares. Para interpretar a cena foram convidados personagens comuns e não celebridades afim de não atrair a atenção para o endossante e sim para a causa. A receptividade da propaganda foi bem divergente, uma parte do publico agradou-se do conteúdo e entendeu a mensagem que a propaganda visava transmitir no entanto outra parcela entendeu como forte e agressiva demais.

    Diante desse apanhado, entendemos que os estudos de Tellis (2004) nos auxiliam a compreender em diversos aspectos os objetivos que as publicidades e propagandas veiculadas na Tv, no rádio, nas plataformas digitais e nos outdoors visam alcançar em seus leitores. Um estudo mais refinado das teorias aqui apresentadas faz-se necessário para uma melhor compreensão dos fenômenos linguísticos e multimodais presentes nas propagandas e publicidades.

REFERÊNCIAS 

TELLIS, G.J. Advertising as Persuasion In: ______. (org.). Effective advertising: understanding when, how, and why advertising works. California: Sage publications, 2004, p. 126 – 149.
            


 

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